quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Capítulo III: Aquele sobre as lembranças de infância e o velho mundo.

Estou lendo atualmente Console Wars: Sega, Nintendo, and the Battle That Defined a Generation (Blake J. Harris, 2014), e adorando. Assim como no também excelente Game Over, do jornalista americano David Sheff, a narrativa não é focada exatamente nos jogos da Sega e da Nintendo, mas na indústria dos jogos eletrônicos e nos eventos e decisões comerciais destas e outras empresas que conquistaram e reformularam a cultura pop nas décadas de 80 e 90. 
O ponto é que estou relembrando, mais uma vez, como era a infância da minha geração. Li em algum lugar uma frase recentemente que me fez refletir bastante: o mundo mudou mais nos últimos 20 anos do que desde o início dos tempos. Claro que era em tom de brincadeira e exagero, mas é engraçado pensar sobre como era a vida no final dos anos 80 e começo dos anos 90. Às vezes, parece mesmo que era um outro mundo, e não apenas outra década.
Acho difícil que alguém de 15 anos possa entender realmente como era a sociedade pré-internet. Quem me conhece sabe que sou nostálgica, mas não quero me tornar uma dessas pessoas do tipo "Ah, sim. No meu tempo é que era bom". Acho natural que toda geração pense assim, até por acreditar que a infância é a melhor fase da vida, por mais felizes e realizados que sejamos como adultos. Mas é inegável que as mudanças dos últimos 10 anos foram determinantes na sociedade, e que não seria possível (e nem faria sentido) voltar atrás e nos desconectarmos novamente. 
Acho apenas que era diferente, com vantagens e desvantagens. A falta de acesso a informação, por exemplo, tornava sua conquista muito mais recompensadora: encontrar aquela dica para passar da última fase do jogo era difícil, mas quando matávamos o último chefe era a glória, e a espera para ouvir aquele disco novo de sua banda favorita levava dias, até semanas, mas quando você gravava a fita cassete cada faixa era degustada com um prazer enorme.  Chegar no cinema ou alugar aquela fita vhs do seu ator favorito sem muita idéia do que esperar e aproveitar a surpresa, diferente dos inúmeros trailers e teasers que nos soterram atualmente. Cresci no período de transição e aproveitei o melhor dos dois mundos, brinquei na rua e andei de bicicleta, patins e skate até cansar (principalmente por viver em uma cidade pequena) sem preocupação e me maravilhei com as gerações 8 e 16 bits dos videogames.  
Claro que gosto das vantagens de hoje, carregar todos os livros, músicas e filmes no bolso é algo que a minha geração nem imaginava que pudesse acontecer. Mas sinto que um pouco da magia e do desafio foram perdidos, sem entrar na discussão que a atual geração não me parece aproveitar bem essa tecnologia e tudo o que ela oferece para seu aprendizado e crescimento.
Ah, sim. No meu tempo é que era bom.