terça-feira, 21 de outubro de 2014

Capítulo V: Sobre Neil Gaiman e o medo da vida e da morte.

Aproveitei as compras na BGS 2014 para completar minha coleção de edições definitivas do universo Sandman, do autor inglês Neil Gaiman. A série foi publicada originalmente no início dos anos 90, com grande sucesso, sob o selo adulto Vertigo da DC Comics. As edições definitivas, lançadas recentemente no Brasil pela Panini Books, reúnem todas as revistas com a saga de Morpheus, o governante do Sonhar. 
No universo fantástico de Gaiman, Sonho é um dos irmãos conhecidos como os Perpétuos, entidades responsáveis por manter a coesão da realidade que conhecemos. Entre seus irmãos estão ainda Destino, Desejo, Desespero, Delírio, Destruição, e a minha personagem favorita da série: a Morte. 

Sandman e sua irmã Morte.
Fugindo do esteriótipo da sombra encapuzada com foice em punho, a Morte de Gaiman é uma garota bonita e bem humorada, curiosamente parecendo a com maior energia e vivacidade entre seus irmãos. Em suas histórias, ela aparece e conversa com as pessoas que visita para levar ao seu destino, geralmente com paciência para responder algumas de suas dúvidas, angústias e reflexões. Ela também não compreende muito o medo que as pessoas têm de sua função, para ela a morte é apenas a ordem natural das coisas, assim como nascer, e tudo e todos os seres vivos eventualmente terão seu momento de encontrá-la. Sua função existe desde que a vida surgiu, e terminará somente quando o último ser vivo deixar de existir e, então, "finalmente apagarei as luzes do universo e fecharei a porta". 
Nos últimos anos, por questões que não discutirei agora, a vida me forçou bastante a pensar nessa garota. Tive medo e raiva dela, entre outras sensações. No fim, você pensa que encará-la um dia será realmente inevitável, e que cada dia que temos para aproveitar aqui é lucro. O que também me leva a pensar na questão curiosa sobre o que você faria se soubesse que terá apenas mais um dia. Você viajaria para algum lugar que deseja conhecer? Festaria até não aguentar mais? Faria algum esporte ou atividade de risco que nunca teve coragem?
Não é uma pergunta fácil de responder, eu acho. No meu caso, eu queria ter mais um dia como esse em que escrevo este texto. Sim, isso mesmo. Nada de radicalismos, apenas gostaria de tomar meu café da manhã como todos os dias, aproveitar a companhia da família e amigos, trabalhar um pouco e encerrar a noite em casa com algum filme, leitura ou jogo.
Espero ter mais alguns dias assim até que eu a encontre, sem medo, e ela me cumprimente com seu sorridente olá. 

Morte: Edição Definitiva. Panini Books.