terça-feira, 4 de novembro de 2014

Capítulo VI: Um jogo sonhado desde a adolescência e as heroínas pop.

Não me recordo da data com precisão, mas eu deveria ter aproximadamente dez anos de idade quando assisti o filme Alien pela primeira vez. Lembro que não compreendi muito da ficção científica e dos diálogos do filme na época, mas o clima claustrofóbico e a mulher que enfrentava sozinha uma criatura alienígena quase indestrutível marcaram minha pré-adolescência, assim como outros filmes violentos e adultos que vi no início dos anos 90 e eram, curiosamente, referência para produtos de marketing infantis. Uma outra época, antes do politicamente correto, em que nós pirralhos assistíamos o policial Alex Murphy ser mutilado por bandidos sarcásticos e transformado em um policial robótico sem problemas.
Desde então, a Tenente Ellen Ripley, interpretada por Sigourney Weaver, se tornou uma das minhas heroínas favoritas. Eu sempre gostei de jogos, filmes e livros protagonizados por mulheres fortes e corajosas e, infelizmente, estas não são muito comuns na indústria pop. Para compensar, no entanto, as poucas heroínas que encontrei foram importantes para minha formação de caráter, como a Alis de Phantasy Star, a primeira protagonista em um jogo que conheci, aos oito anos, e cuja localização em Português da gloriosa Tec Toy me possibilitou acompanhar antes de me tornar fluente em Inglês, e as poderosas mutantes dos X-Men, entre outras, mas isso já é assunto para outro post.

A sorridente Tenente Ripley, provavelmente antes do primeiro encontro com o Xenomorfo. 

O filme Alien foi dirigido por Ridley Scott em 1979, e até hoje é cultuado por fãs da série de Ficção Científica. Neste início, a nave Nostromo recebe um sinal de socorro de uma nave desconhecida em um planeta próximo, durante a viagem de retorno para casa. Ao investigar o sinal, a tripulação acaba trazendo um dos seus membros infectado pelo Alien para a nave e as coisas se complicam, e apenas a Tenente Ripley sobrevive ao encontro com a criatura, apesar de ser lançada ao espaço em uma câmara criogênica para escapar. O segundo filme, dirigido por James Cameron, é mais focado na ação e no tiroteio. O terceiro, apesar de problemático e criticado, retorna ao clima de terror e claustrofobia do primeiro e foi dirigido por um diretor estreante na época: David Fincher. Hoje, Fincher tem no currículo sucessos como Clube da Luta, revelando-se um excelente diretor. 
Com o sucesso da série, alguns jogos foram lançados para que pudéssemos combater o terrível Alien. A maioria deles, no entanto, focava mais na ação e no tiroteio, e acabavam se apresentando mais como um shooter genérico do que como um título que aproveitava todo o universo e os personagens da franquia. Desde então, muitos torciam por um jogo que recriasse o clima e a ambientação do clássico de Ridley Scott. Depois do fiasco ocorrido com Aliens: Colonial Marines, da Gearbox, isso parecia ainda mais distante. Eis que, ao anunciar Alien: Isolation (produzido pela The Creative Assembly) e apresentar um trailer promissor, seguido de algumas boas impressões de quem testou uma demonstração, a Sega aqueceu novamente uma pequena fagulha no coração daqueles que esperavam jogar na pele de Ripley. 

Amanda Ripley esconde-se do temível Alien, seguindo os passos de sua mãe, em Alien:Isolation. 

15 anos depois dos eventos do primeiro filme, a filha de Ellen, Amanda Ripley, viaja para uma estação espacial onde se encontra a caixa preta da Nostromo para descobrir finalmente o aconteceu com sua progenitora. Recriando com perfeição os ambientes, a fotografia, a trilha sonora e a sonoplastia do clássico de 1979, finalmente é possível sentir um pouco da luta pela sobrevivência da heroína, e passar por toda agonia de enfrentar um predador implacável. 
Ao chegar na estação, Amanda descobre que as coisas não estão boas e enfrenta o caos para atingir seu objetivo. Diferentemente dos títulos anteriores da franquia, Alien: Isolation usa a mecânica de stealth e dos survival horrors, e os únicos recursos para sair vivo são usar o sensor de movimento para se esconder do Alien em armários, dutos de ventilação, embaixo de mesas e onde mais for possível para evitar o confronto com o Xenomorfo, além de alguns itens que podem ser usados para afastar e distrair a criatura e outros perigos encontrados no percurso.
A imersão no jogo é ótima, principalmente com o uso de um bom fone de ouvido, e os sustos não são poucos. Apesar de se apoiar em uma dinâmica de gato e rato, a história e as missões são criativas e diferentes situações serão vivenciadas ao longo da jornada, evitando o cansaço. Sem querer dar spoilers, quem explorar os cenários encontrará várias referências ao filme, e alguns eventos serão bem recebidos pelos fãs da franquia. 
Duas décadas depois de assistir a Tenente Ripley chutar bundas alienígenas pela primeira vez, finalmente o jogo que eu sempre quis foi lançado. E ano que vem teremos o retorno do mundo pós-apocalíptico de Mad Max no cinema e nos videogames, e espero que seja uma experiência igualmente incrível. Vida longa aos clássicos dos anos 80/90! :)               






  
  
      

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